Cresce 22% desmatamento no Brasil

Em 2022, País registrou alta de 22,3%, ou 2 milhões de hectares de biomas devastados

O Brasil registrou aumento na área desmatada em 2022 se comparado ao ano anterior. A alta foi de 22,3%, o que representa 2 milhões de hectares devastados. Parte desse total concentra-se na Amazônia e no cerrado, que respondem por 90% dos biomas atingidos. Essas informações foram divulgadas na última segunda-feira (12) no RAD 2022 (RelatórioAnual de Desmatamento), elaborado pelo MapBiomas. 

De acordo com o MapBiomas, iniciativa que envolve instituições como universidades, ONGs e empresas de tecnologia, e que consolida dados de todo o território nacional e seus biomas, foram identificados, validados e refinados 76.193 alertas de desmatamento em 2022. 

Desse total, a Amazônia e o cerrado juntos respondem por 70,4%. “Embora o cerrado tenha participação de apenas 8,3% no número total de alertas, a área total desmatada representa quase um terço da vegetação natural suprimida no país (32,1%) no ano passado devido ao tamanho dos alertas”, informa o relatório no portal do MapBiomas.

Somente entre 2019 e 2022, período de implantação do relatório, houve 303 mil atividades de devastação, o que corresponde a 6,6 milhões de hectares. Para se ter ideia, a área desmatada corresponde a uma vez e meia o tamanho do Estado do Rio de Janeiro.

O setor de agropecuária é o principal segmento de desmatamento no Brasil. O ramo foi responsável por 95,7% do total, ou seja, 1,96 milhão de hectares. Outros 5.900 hectares foram na área de garimpo, enquanto mineração respondeu por 1.100 hectares.

Houve, ainda segundo o documento, crescimento em área desmatada em cinco de seis biomas brasileiros entre 2021 e 2022. A exceção foi a Mata Atlântica. Em se tratando de áreas afetadas, os maiores aumentos foram verificados na Amazônia, com 190.433 hectares; e no Cerrado, com 156.871 hectares. Em proporção, os mais impactados foram o Cerrado, com 31,2%; e o Pampa, com 27,2%. Esta foi a primeira vez que o pampa foi integrado ao monitoramento do MapBiomas. 

No Pantanal, observou-se queda no índice de alertas validados, com 8,9%, mas alta de 4,4% na área desmatada no período analisado. Em relação ao tipo de vegetação e uso da terra, houve predomínio de desmatamento na formação florestal, com 64,9%; na formação savânica, com 31,3%; e na formação campestre, com 3,6%.

Do total de atividades de desmatamento no ano passado, 62,1% ocorreram na Amazônia, com 1,1 milhão de hectares, ou seja, 58% da área total desmatada no Brasil. A caatinga aparece na segunda posição, com 18,4% dos alertas e 140.637 hectares, ou 6,8% da área. Na sequência vêm o cerrado, com 8,3% dos alertas e 659.670 hectares. “Mesmo com a maior parte da sua área florestal desmatada, restando menos de 29% da sua cobertura florestal, na Mata Atlântica foram desmatados 30.012 ha, o que representa 1,5% da área total desmatada no País”, acrescenta o relatório. 

ESTADOS

Ainda conforme o MapBiomas, levando-se em consideração os Estados que apresentaram os maiores desmatamentos, o Pará segue na liderança desse ranking, com 22,2% da área desmatada, ou 456,7 mil hectares. Na segunda posição figura o Estado do Amazonas, com 13,33%, ou 274,1 mil hectares. “A área desmatada no Amazonas cresceu 37% em relação a 2021, levando o Estado a superar o Mato Grosso pelo segundo ano seguido”, informa trecho do texto no portal. 

No terceiro posto surge o Mato Grosso, com 239,1 mil hectares desmatados, ou 11,6% da área devastada. Na quarta colocação está a Bahia, com 225,1 mil hectares desmatados, ou 10,9%, Estado que ultrapassou o Maranhão, que havia registrado 168,4 hectares de desmatamento, ou 8,2%. Assim, paraenses, amazonenses, mato-grossenses, baianos e maranhenses respondem por 66% do desmatamento verificado no Brasil no ano passado.

Aconteceu pelo menos uma atividade de desmatamento detectado e validado pelo MapBiomas em 3.471 dos 5.570 municípios brasileiros em 2022. Entre estes, somente 50 responderam por 52% da área total devastada no País. O Estado do Pará concentra 17 dessas cidades, enquanto o Amazonas tem outras oito. 

Para efeito de comparação, Lábrea, município no interior do Amazonas, com pouco mais de 47,5 mil habitantes, segundo últimas estimativas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2021, teve 62,4 mil hectares desmatados e ultrapassou Altamira, cidade paraense com cerca de 116 mil habitantes e campeã no índice de área desmatada nos últimos três relatórios do MapBiomas. 

PRESERVAÇÃO

Em relação aos territórios preservados, o relatório aponta que as CRQs (Comunidades Remanescentes de Quilombos) e as TIs (Terras Indígenas) são as áreas mais preservadas do Brasil. O desmatamento no primeiro corresponde a 0,05% da área total brasileira. De 456 comunidades certificadas, 26,1%, ou seja, 62, tiveram pelo menos um alerta com pelo menos 0,3 hectares atingidos. Já o segundo corresponde a 1,4% da área total desmatada no País, ou seja, 26,5 mil hectares, e a 4,5% do total de alertas. 91% dos alertas ocorreram no bioma Amazônia. 

Por fim, o documento mostra que as investidas do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) até maio deste ano atingiram apenas 2,4% dos alertas de desmatamento e 10,2% da área desmatada identificada no período de análise. 

De 2019 a 2022, o Espírito Santo, com 73,7% das atividades de desmatamento; Rio Grande do Sul, com 55,6%; São Paulo, com 40,3%; e Mato Grosso, com 37,3%, foram os entes federativos com mais ações dos órgãos ambientais e ministérios públicos em relação a alertas de desmatamento. Na outra ponta, Pernambuco, com 0,8%; Maranhão, com 1,6%; e Ceará, com 1,9%, foram os Estados com menos atuações registradas.

Veja Também